Corta meus pulsos
e jorra todo o meu sangue até a ultima gota,
para que meu coração pare.
Necessito de uma pausa.
Viver é muito complicado.
Meu corpo esta em ânsia e nada supre.
Atrevo-me a dizer tudo isso porque vejo que sou um nada. Absolutamente um nada imenso.
Passa-me o mundo no peito, mas não posso deitar ao lado do sossego porque não aprendi a ser contada nos dedos.
O meu eu tem códigos que não existem. Sou tão anônima quanto um banco de praça.
Vivo entre aspas e nem tento sair delas.
Assim torno-me um labirinto de intimidades que tento trocar sempre, mas não consigo.
Quero me curar de mim, chutar o balde, ser mais filha, ser mais adulta, sem ser eu.
Quero calma e paciência mesmo sem saber ser calma e paciente.
A vida me passa nos olhos a todo o momento, mas ela me exige tanto que eu quero outra.
Preciso me restituir de humanidades cabíveis.
Estou cada dia mais distante e vivendo em paralelos imaginários.
Escrevo memórias em silencio em uma tarde oriunda, me viro de ponta a cabeça de uma vida que me passa rasteira, mas mesmo assim ainda continuo sendo eu.
Como posso ser um caso cheia de descaso?
Minhas dores são sempre sem repostas e os conselhos imundos. Como posso deixar meu cansaço em qualquer canto?
Quero poder me atrever mais, me curtir mais, ser mais comedia, ser imensa e devassa sem precisar me untar da presença dos outros.
Quero que meus pensamentos contraditórios se virem contra mim e se rebelem me trazendo paz de espírito. Preciso de doses avassaladoras de animo.
Quero tirar essa capa desmemoriada do meu corpo e jamais voltar a ser o que sou. Quero não ser culpa e não ser pecado. Quero pisar em campos de possibilidades. Possibilidades essas que me façam um bem enorme. E Nunca me curar.